Violência Contra a Criança!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009
A violência contra crianças e adolescentes, principalmente a sexual, pode aumentar o risco de que elas desenvolvam problemas psiquiátricos na vida adulta, segundo a psicóloga do Programa de Atendimento e Pesquisa em Violência (Prove), Daniela Galvão.O Prove, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), funciona desde o final de 2007 e atende crianças e adultos que vivenciaram ou testemunharam alguma situação de violência.



Neste período, o programa já atendeu mais de 30 crianças vítimas de alguma forma de violência, seja a sexual ou doméstica, por exemplo.

Os efeitos [da violência sexual] estão sempre presentes ao longo da vida da criança. Boa parte dos pacientes adultos que desenvolveu a patologia do transtorno do estresse pós-traumático na vida adulta revelou uma história de abuso na infância. Isso significa que o abuso sexual infantil aumenta o risco para outras patologias na vida adulta, disse a psicóloga.



O transtorno de estresse pós-traumático, segundo Daniela, é a principal doença decorrente de uma situação de violência. Pode se manifestar principalmente de três formas: a pessoa revive as imagens da violência, tendo ainda pensamentos ou pesadelos sobre a experiência vivenciada; a pessoa evita lugares ou estímulos que a lembrem da situação e a deixem muito ansiosa; ou a pessoa vive num estado de alerta constante, em hipervigilância.



Nas crianças, ele ocorre de maneira muito semelhante, mas os critérios de diagnóstico não abrangem a totalidade dos efeitos, dependendo do nível de desenvolvimento da criança, explica a psicóloga.Nas crianças menores, os sintomas podem estar associados à apatia ou comportamentos regressivos como voltar a fazer xixi na cama ou parar de falar. Já nas crianças em idade escolar, um dos sintomas mais comuns e evidentes é o prejuízo na escola, com dificuldades nas tarefas escolares e de socialização.



Nos adolescentes, a existência da violência pode ser manifestada pelo abuso de álcool ou drogas e comportamentos mais agressivos.Quanto menor a criança, mais afetada ela é. No senso comum a gente sempre pensa: 'ela é tão pequenininha que não vai entender o que se passou e não vai guardar essa memória'. Mas as marcas são mais intensas porque ela não tem condições psíquicas de elaborar aquela situação, disse Daniela.



Para ajudar a criança e o adolescente a superar ou contornar o trauma e ter condições de falar sobre a situação vivida são oferecidos vários tipos de tratamentos, geralmente multidisciplinares, contando com apoio de psicólogos, médicos, terapeutas e pedagogos.



No Prove, por exemplo, o tratamento feito com a criança dura no mínimo seis meses e é realizado de forma lúdica por meio de desenhos e jogos.O tratamento foca no fato de a criança poder expressar a seu tempo e a seu modo a situação de abuso, explicou a psicóloga.

É um tratamento no sentido de uma intervenção no problema atual e também é preventivo, já que vai ajudar a criança a elaborar essa situação e não desenvolver quadros futuros. Claro que a gente não consegue prever se no futuro essa criança vai desenvolver outros problemas, afirmou.Segundo ela, um dos fatores que pode contribuir para que a criança supere a situação de trauma ou estresse mais rapidamente é o ato de denunciar o agressor - que é geralmente alguém da família ou próximo da família.



A denúncia é muito importante porque tira a vítima do isolamento. O ato da denúncia rompe com o pacto de silêncio e o terror que a criança vive. E a resposta que o [ambiente] social vai dar é que vai ajudar a criança a dar um sentido para essa situação e refazer seus laços pessoais, disse a especialista, ressaltando que o tratamento obtém resultados melhores quando os pais da vítima de abuso estão mais atentos aos sinais e abertos a conversar com o filho sobre a situação que ele vivenciou. A criança ainda depende muito do adulto para significar essa experiência de violência, afirmou.



O atendimento no Prove é gratuito. Informações podem ser obtidas na sede do ambulatório, localizado na Rua Botucatu, 431, na Vila Clementino ou pela internet http://www.unifesp.br/dpsiq/prove/.


As mulheres e a pedofilia

É com uma certa frequência que, infelizmente, ouvimos falar de casos de abuso sexual contra crianças. Nos últimos anos, ficamos chocados ao ver vários homens - entre eles até padres e médicos - acusados de pedofilia. Nesta semana, a população inglesa ficou estarrecida com um caso incomum: duas mulheres confessaram ter abusado de crianças.

Além de responderem por esse crime, Vanessa George (foto), que trabalhava em uma creche, e Angela Allen também estão sendo acusadas de tirar fotos indecentes com as crianças e enviá-las para o empresário Colin Blanchard. Ele era amigo das duas no Facebook, onde os três trocavam mensagens sobre suas fantasias sexuais doentias, mas só as encontrou pessoalmente no tribunal. A investigação que culminou com a prisão dos três teve início quando uma colega de trabalho de Colin, ao usar seu computador, viu a foto de uma criança e o denunciou à polícia.

Embora Angela, Vanessa e Colin sejam acusados dos mesmos crimes, há um agravante contra Angela: ela trabalhava em uma creche e pode ter feito muitas vítimas. Os pais das 60 crianças que passaram pela escolinha Little Ted, em Plymouth, enquanto Angela trabalhava lá agora querem saber se seus filhos sofreram ou não abuso. Pelas fotos, que não mostram o rosto, não é possível identificar a maior parte das vítimas. E muitas vezes o abuso não deixa marcas físicas, especialmente quando é cometido por mulheres.

Esse caso gerou em mim total ojeriza por inúmeras razões. Uma delas é que Angela George de fato cometeu o crime de que foram injustamente acusados os donos da Escola Base, em São Paulo; e, ao cometê-lo, criou uma desconfiança generalizada entre os pais sobre as creches e escolinhas que seus filhos frequentam, um verdadeiro pesadelo. Outro motivo é porque Angela é uma mulher. Não que os homens tenham qualquer desculpa para praticar tais atos horrendos, mas pensar que até uma babá pode ser pedófila é, no mínimo, perturbador.

Mais perturbador ainda é o caso narrado em uma reportagem do jornal The Independent que li pouco tempo atrás. Ela trazia o depoimento de Sharon Hall (nome fictício), uma mulher que, durante toda a infância, havia sofrido abuso sexual por parte da própria mãe, a pessoa que, mais do que qualquer outra, deveria amá-la e cuidar dela. Quando tentou falar sobre o assunto com seu médico, já aos 30 anos e grávida de sua própria filha, Sharon ouviu que as acusações eram fantasias de sua cabeça, preocupações neuróticas de uma futura mãe.

Segundo a reportagem, há mesmo uma certa tendência a desacreditar as denúncias de abuso que recaem sobre as mulheres - talvez assim como eram desacreditadas as denúncias de pedofilia contra homens algumas décadas atrás. A mulher, vista como aquela que cuida das crianças, pode não se encaixar mesmo no estereótipo de agressor, mas isso não quer dizer que não existam casos de abusos cometidos por elas. E esses crimes precisam ser investigados e suas responsáveis, presas.

Outro fato que dificulta a situação das vítimas é as agressões acontecerem, em sua maioria, dentro de casa. São mães, tias, avós e babás que destroem a noção do cuidado e deixam completamente vulneráveis suas crianças.

Com esse post, não quero dizer que devemos olhar com desconfiança a enfermeira da creche, a babá, a tia ou a mãe, mas quero trazer à tona o abuso sexual cometido por mulheres, um tremendo tabu hoje em dia. Como demonstra o caso da Inglaterra, trata-se de um crime tão grave quanto o perpetrado por homens. E, para a pedofilia, quem quer que seja o acusado, a resposta vem da Justiça, com pena na prisão.

CONFERÊNCIA DA FAMILIA

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O que é Violência Doméstica?

Violência doméstica é a violência, explícita ou velada, literalmente praticada dentro de casa ou no âmbito familiar, entre indivíduos unidos por parentescoco civil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, mãe, filhos, irmãos etc.[1] Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso sexual contra as crianças, maus-tratos contra idosos, e violência contra a mulher e contra o homem geralmente nos processos de separação litigiosa além da violência sexual contra o parceiro.

Pode ser dividida em violência física — quando envolve agressão directa, contra pessoas queridas do agredido ou destruição de objectos e pertences do mesmo (patrimonial); violência psicológica — quando envolve agressão verbal, ameaças, gestos e posturas agressivas, jurídicamente produzindo danos morais; e violência sócio-económica, quando envolve o controle da vida social da vítima ou de seus recursos económicos. Também alguns consideram violência doméstica o abandono e a negligência quanto a crianças, parceiros ou idosos. Enquadradas na tipologia proposta por Dahlberg; Krug, [2] na categoria interpessoais, subdividindo-se quanto a natureza Física, Sexual, Psicológica ou de Privação e abandono. Afetando ainda a vida doméstica pode-se incluir da categoria autodirigida o comportamento suicída especialmente o suicídio ampliado (associado ao homicídio de familiares) e de comportamentos de auto-abuso especialmente se consideramos o contexto de causalidade.

É mais frequente o uso do termo "violência doméstica" para indicar a violência contra parceiros, contra a esposa, contra o marido e filhos. A expressão substitui outras como "violência contra a mulher". Também existem as expressões "violência no relacionamento", "violência conjugal" e "violência intra-familiar".

Note que o poder num relacionamento envolve geralmente a percepção mútua e expectativas de reação de ambas as partes calcada nos preconceitos e/ou experiências vividas. Uma pessoa pode se considerar como subjugada no relacionamento, enquanto que um observador menos envolvido pode discordar disso.

Mulher no hospital depois que o marido dela a espancou

Muitos casos de violência doméstica encontram-se associados ao consumo de álcool e drogas, pois seu consumo pode tornar a pessoa mais irritável e agressiva especialmente nas crises de abstinência. Nesses casos o agressor pode apresentar inclusive um comportamento absolutamente normal e até mesmo "amável" enquanto sóbrio, o que pode dificultar a decisão da parceiro em denunciá-lo.


ABUSO DE MENORES

O abuso sexual de menores corresponde a qualquer ato sexual abusivo praticado contra uma criança ou adolescente. É uma forma de abuso infantil. Embora geralmente o abusador seja uma pessoa adulta, pode acontecer também de um adolescente abusar sexualmente de uma criança.

Num sentido estrito, o termo "abuso sexual" corresponde ao ato sexual obtido por meio de violência, coação irresistível, chantagem, ou como resultado de alguma condição debilitante ou que prejudique razoavelmente a consciência e o discernimento, tal como o estado de sono, de excessiva sonolência ou torpeza, ou o uso bebidas alcoólicas e/ou de outras drogas, anestesia, hipnose, etc. No caso de sexo com crianças pré-púberes ou com adolescentes abaixo da idade de consentimento (a qual varia conforme a legislação de cada país), o abuso sexual é legalmente presumido, independentemente se houve ou não violência real.

Num sentido mais amplo, embora de menor exatidão, o termo "abuso sexual de menores" pode designar, também, qualquer forma de exploração sexual de crianças e adolescentes, incluindo o incentivo à prostituição, a escravidão sexual, a migração forçada para fins sexuais, o turismo sexual, o rufianismo e a pornografia infantil.

Formas de abuso

Existem duas formas de abuso sexual que os adultos podem praticar contra as crianças e os adolescentes: com contato físico ou sem contato físico. Nos dois casos, o adulto abusa do jovem para conseguir algum tipo de prazer ou satisfação interior.

Com contato físico

  • Violência sexual: forçar relações sexuais, usando violência física ou fazendo ameaças verbais.
  • Exploração sexual de menores: pedir ou obrigar a criança ou o jovem a participar de atos sexuais em troca de dinheiro ou outra forma de pagamento.

Sem contato físico

  • Assédio: falar sobre sexo de forma exageradamente vulgar.
  • Exibicionismo (ato obsceno): mostrar as partes sexuais com intenção erótica.
  • Constrangimento: ficar de longe observando jovens ou crianças sem roupa ou ficar olhando de maneira intimidatória.
  • Pornografia infantil: tirar fotos ou filmar poses pornográficas ou de sexo explícito.

Consequências

As consequências de uma violência sexual praticada contra crianças e adolescentes podem ser físicas, psicológicas ou de comportamento, todas igualmente prejudiciais para quem sofre a violência.

Físicas

  • Dor constante na vagina ou no ânus.
  • Corrimento vaginal.
  • Inflamações e hemorragias.
  • Gravidez precoce, colocando em risco a vida da criança ou adolescente.
  • Doenças sexualmente transmissíveis, como AIDS, hepatite B, etc.

Psicológicas

  • Sentimento de culpa
  • Sentimento de isolamento de ser diferente.
  • Sentimento de estar "marcado" para o resto da vida.
  • Depressão.
  • Falta de amor próprio (baixa auto-estima).
  • Medo indefinido permanente.
  • Tentativa de suicídio.
  • Medo de sair na rua.

Comportamento

  • Dificuldade de expressar o sentimento de raiva.
  • Queda no rendimento escolar
  • Atitudes autodestrutivas: uso excessivo de álcool, de drogas, etc.
  • Aumento do grau de provocação erótica.
  • Tendência ao abuso das relações sexuais.
  • Regressão da linguagem e do comportamento.
  • Agressividade contra a família.

Quanto maior é o tempo em que o jovem fica calado, maiores são as consequências negativas.

Pessoas que cometem violência sexual

Na maioria das vezes que acontece um abuso sexual, o abusador é uma pessoa que a criança confia, conhece e muitas vezes ama. Existe uma tendência das pessoas acharem que o molestador se enquadra na descrição de alguém que sofre de distúrbios psicológicos (será pedófilo somente se possuir uma preferência sexual por crianças pré-púberes), um psicótico portanto, ou então num homossexual em geral; nada mais enganoso. Pesquisas demostram que o perfil da grande maioria dos abusadores são homens heterossexuais e as vítimas são meninas. Segundo AZEVEDO e GUERRA (2000) os agressores sexuais de crianças e adolescentes que sofrem distúrbios psiquiátricos são uma minoria. São pessoas aparentemente "normais", com laços estreitos com a vítima. Pode ser uma pessoa da família, como pai, padrasto, avô, primos, tios, alguém conhecido e supostamente de confiança, como vizinhos, amigos dos pais, ou mesmo alguém com estatuto de confiança social (educadores, padres, pastores, etc.)

Ainda em relação ao perfil do abusador, é interessante citar dados coletados na ong brasileira CECOVI (www.cecovi.org.br):

Segundo análise feita em 1 169 casos de violência doméstica atendidos no SOS Criança da ABRAPIA, entre janeiro de 1998 e junho de 1999, foram diagnosticados: 65% de violência física, 51% de violência psicológica, 49% de casos de negligência e 13% de abuso sexual. Em 93,5% dos casos os agressores eram parentes da vítima (52% - mãe, 27% - pai, 8% -padrasto/madrasta, 13% - outros parentes) e em 6,5% os abusadores não são parentes (3% - vizinhos, 2% - babás e outros responsáveis, 1,5% - instituições.

Dos 13% de casos envolvendo abuso sexual a pesquisa demonstrou que: a) A idade da vítima: 2 a 5 anos - 49%, 6 a 10 anos - 33% b) 80% das vítimas tinham sexo feminino c) 90% dos agressores eram do sexo masculino

O adulto que comete violência sexual sempre pede para a criança guardar segredo sobre o que aconteceu usando diversas formas de pressão. É muito comum a criança se sentir culpada e até merecedora da violência em si, haja vista ela não ter estrutura mental suficiente para explicar tal ato cometido contra si. Aliado ao sentimento de culpa, a pressão psicológica exercida pelo perpetrador, o próprio laço de afeição entre estes (não se esqueçam que normalmente o abuso ocorre entre familiares).

Ver também

EDITORA ZOE