domingo, 6 de junho de 2010

Lutador que torturou mulher vai a júri popular

O juiz titular da comarca de Lauro de Freitas, Waldir Viana, deu parecer favorável à denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado (MP-BA) contra o professor e lutador de jiu jitsu Adalberto França Filho, 39 anos. Ele aprovou júri popular para Adalberto, que é acusado de agredir e torturar brutalmente a mulher, a assistente social Luciana Lopo, 31. A decisão foi tomada em audiência de instrução ocorrida nesta quarta, 12. O crime foi classificado como tentativa de homicídio qualificado com tortura. O lutador deverá continuar preso na Polinter, na Piedade, conforme decisão judicial, que também negou ao réu o direito de recorrer em liberdade.
Nesta quarta, apenas seis testemunhas de acusação prestaram depoimento perante o juiz, além da vítima e do acusado. Segundo o advogado de Adalberto, Fabiano Pimentel (que assumiu o caso ontem – a família desistiu do defensor anterior), os oficiais de justiça não encontraram as testemunhas porque os endereços fornecidos estavam incompletos. O requerimento de instauração de incidente de sanidade mental, recurso pedido pela defesa a fim de apurar eventual falta de culpabilidade do réu, também foi negado pelo juiz, que entendeu não haver nos autos elementos que indiquem a possibilidade de ele ser portador de doenças mentais. Pimentel informou que a defesa vai recorrer pela soltura do réu e pedir a anulação do processo no intuito de produzir provas. “Queremos que ele [Adalberto] seja submetido a tratamento psicológico adequado. Prisão não vai resolver o problema dele. Na minha opinião, o processo é nulo porque as testemunhas de defesa não foram ouvidas”, declarou o advogado.
De acordo com Pimentel, Adalberto toma medicamentos controlados desde os 10 anos de idade e tem lapsos de perda de memória constantemente. “Ele disse que só começou a lembrar do que havia acontecido dez dias depois”, completou.
AUDIÊNCIA – Entre as testemunhas de acusação que prestaram depoimento estava a empregada do agressor, Maria Santana da Silva, que disse ter sido obrigada a ajudar na tortura e presenciado os disparos de rifle feitos por Adalberto na perna de Luciana.
No seu depoimento, Adalberto negou as acusações, descrevendo como teria acontecido o fato. “Segundo ele (Adalberto), Luciana teria caído por cima de uma mesa de vidro, o que teria ocasionado os cortes, a arma disparou por acidente e que o leite e o café que queimaram a vítima teriam caído em cima dela quando ela foi abraçá-lo”, contou o advogado de acusação, Antônio Marcos Rodrigues.
O advogado de Luciana disse ainda que ela relatou, com detalhes, o que aconteceu durante as quatro horas que permaneceu em sua casa, em Vilas do Atlântico, sendo torturada e agredida pelo marido. Ela descreveu, também, seu comportamento ciumento e possessivo.Luciana e Adalberto chegaram a ficar na mesma sala de espera, mas não se viram. Os depoimentos foram feitos separadamente. O acusado chegou ao local algemado, escoltado por policiais civis e acompanhado dos advogados de defesa.
A mãe da vítima, Maria das Graças Lopo, disse que a filha estava “bastante nervosa e chegou a chorar bastante”.
“Isso a faz lembrar daquela situação horrível. Ela ainda não está preparada para falar sobre isso”, justificou Roberto Lopo, pai da vítima, o fato de ela se recusar a dar entrevistas. Os pais da assistente social falaram que ela está sendo acompanhada por psicólogo e ortopedista e que Luciana só voltará ao trabalho em janeiro do próximo ano.
O pai de Luciana contou que os familiares de Adalberto pediram perdão pelo ocorrido. “A família também se diz vítima dele e condenou a atitude”, disse Lopo.
A mãe do acusado estava no local e abraçou o filho por alguns instantes, mas preferiu não falar com a imprensa.
CASO – Adalberto Filho foi preso em 29 de junho, quatro dias após agredir a mulher, com quem tinha um relacionamento de três anos. Luciana levou dois tiros, teve queimaduras feitas com café e leite quente, os dedos cortados, os pulsos quebrados e cortes por todo o corpo.
FONTE: JORNAL A TARDE

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